segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Saudades


Eu vou dizer aqui, agora e nunca, nunca mais vou repetir, mas eu o amo e acho que nunca vou deixar de amar, já faz anos e eu nunca consegui esquecê-lo e chego a duvidar que algum dia conseguirei. Ele quebrou meu coração e destroçou minha alma, e ainda não consegui me recuperar, mesmo depois dos 1117 dias que se passaram desde nosso último beijo. Eu o deixei, e com ele deixei também a minha vitalidade,  a leveza com que levava os meus dias e aquela crença de que no fim tudo acaba bem e cheio de amor.
Antes dele nada conseguia me atingir muito profundamente, eu não costumava, e ainda não costumo, sofrer muito por algo ou alguém com facilidade, exceto por ele, nenhum acontecimento havia me traumatizado ou mesmo deixado marcas dolorosas na minha vida, e olha que já foram alguns muitos e duros perrengues que tive de superar, qualquer pessoa teria sucumbido ao sofrimento e a dor nas situações que passei, mas eu não, era dura, forte e passei por cima de tudo.
Mas ele, ele em um só minuto conseguiu me destruir, partir meu coração em mil pedaços e petrificar os poucos pedacinhos que restaram. E não foi apenas uma traição, foram várias, traições, mentiras, cinismo e deslealdade, e eu o amava tanto, um amor tão puro, tão verdadeiro e tão forte. Não, ele decididamente não foi só um namorinho de adolescente, ele foi um amor de verdade, era dele o meu coração, e ainda é, infelizmente.
Eu nunca fui uma pessoa comum, sempre fui mais madura que as pessoas da minha idade, sempre corri pelas fases da vida e vivi intensamente cada uma delas antecipadamente, por isso quando o amei, não era apenas uma paixão de adolescente, embora eu fosse apenas uma adolescente eu o amei com um amor adulto, e tentei com todas as forças sustentar esse amor, sustentar o relacionamento. Mas ele não era como eu, ao contrário do que ele era pra mim, o amor da minha vida, eu era pra ele somente a primeira forte paixão de sua vida, ou nem isso, eu era só mais um capítulo pra ele, enquanto ele era para mim a última página do livro.
E doeu, doeu demais quando tudo acabou, as traições e mentiras não doeram tanto, o que doeu foi o meu orgulho que me obrigou a terminar tudo e seguir adiante e deixar que ele seguisse adiante também, porque no fundo eu sabia que eu não era quem ele queria pra passar o resto da vida, eu era apenas a primeira namorada, dentre muitas que viriam antes dele encontrar a última.
E então senti a dor vinda do lugar mais fundo do meu coração e atravessando todo o meu corpo e alma, a dor daquele fim, de ter que recomeçar sem querer, de ter que viver outra história mesmo querendo viver aquela, e eu não consegui esquecer, e não consegui me abrir pra outra pessoa.. Mesmo que ele não me queira mais, eu continuo a pertencer a ele, meu corpo, meu coração e minha alma se recusam a se entregar pra outro alguém, mesmo que minha cabeça implore e insista.
E a dor, que não para, que aperta todos os dias, por mais que eu aparente felicidade, que eu sorria e diga que estou vivendo o que sempre quis, no fundo permaneço triste e enlutada por aquele amor sepultado sem nenhuma pompa, pelo telefone, os primeiros meses após o fim, todos carregados de um ódio fingido, de uma indignação e um amor incontrolável, e mesmo depois de tanto tempo eu ainda sinto as lágrimas chegarem aos meus olhos sempre que seu rosto aparece na minha mente sem aviso prévio, sempre que alguém fala dele, todas as vezes que imagino ele feliz com outra pessoa.
E eu não sinto inveja, nem ódio, nem rancor, eu apenas sinto saudades.